Wednesday, October 07, 2015

Razão e emoção (V)

Ainda a respeito deste assunto, outra coisa que me ocorre é a conversa que por vezes aparece de que os modelos económicos neoclássicos assumem que os agentes serão desprovidos de emoções ou de paixões.

Isso é um disparate, claro - as emoções estão mais que incorporadas nos modelos económicos: o que são as "preferências", as "funções utilidade" ou as "curvas de indiferença" se não a formalização das emoções/sentimentos/paixões dos agentes?

Se alguma coisa, os economistas (incluindo os que seguem a metodologia neoclássica) até são muito mais dados a aceitar a validade das emoções/sentimentos/paixões do que grande parte das pessoas "normais" (exemplo - para a maior parte das pessoas, alguém abandonar um curso com excelentes perspectivas de emprego - digamos, engenheiro informático - para se dedicar à flauta é algo "irracional", mas um economista achará esse comportamento como perfeitamente racional, significando apenas que a utilidade que o agente deriva de tocar flauta é maior da que obteria com o dinheiro que ganharia tirando o outro curso - e assim deixar o curso é a opção que maximiza a utilidade).

A ideia de que os economistas ignoram as emoções/sentimentos/paixões vem, é claro, de os modelos neoclássicos assumirem agentes puramente racionais; e como na cultura popular "razão" e "emoção" são vistos como opostos, gera-se a ideia que os economistas ignorarão as emoções.

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