Saturday, February 28, 2015

Austeridade

Fines, sell-offs and subsidy cuts: life under cash-squeezed Isis (Financial Times):

The world’s richest jihadi group is not as flush as it once was, say Syrians who live under its rule. It has cut spending on fuel and bread subsidies, while increasingly shaking down locals for cash. Fighters themselves may be feeling the squeeze, too.

“Isis took some kind of financial hit . . . Some fighters’ salaries were cut, including my nephew,” said a man in the eastern city of Mayadeen, who says an apparent drop in the group’s revenues is making it difficult to cover the cost of its expansion in territory and membership since its lightning offensive last year.

Friday, February 27, 2015

Leonard Nimoy



Sim, isto é o mais cliché que há (ir buscar o "Caminho das Estrelas" a respeito da morte de Leonard Nimoy), mas a verdade a que não podemos fugir é com foi com esta série e papel que ele se tornou famoso (pelo menos para mim, já que a minha geração não teve oportunidade de ver a série original da Missão Impossível, onde ele também participava).

Eu até queria pagar 10 centimos pelo saco de plástico

Mas não consigo, porque esses sacos pura e simplesmente desapareceram do mercado (ou pelo menos do hipermercado ao pé da minha casa).

O que vendem agora (pelos tais 10 centimos) é um saco maior que não cabe no meu balde do lixo e que é muito pouco funcional para uma família unipessoal, ou mesmo unipessoal-unifelina (vou deitar o lixo fora com o saco quase vazio? Isso parece-me ainda mais poluente do que antes; acumular o lixo vários dias até encher o saco também não deve ser grande ideia).

Não acredites em tudo o que lês

Top 10 Bogus ISIS Stories, por Adam Johnson.

Grécia regressa à normalidade?

Athens: first anti-gov’t protest by far-left ANTARSYA turns ugly (Keep TalkingGreece):

The first anti-government rally in Athens turned ugly as anti-authoritarian protesters started to smash the windows of a pastry shop, two jewelry shops and an office, set four vehicles and several garbage bins on fire and damaged several bus stops.

 According to latest information, there was no intervention by riot police although squads were standing near by.

Earlier KTG wrote:

The first anti-government protest has been launched in Athens on Thursday afternoon. A month after the left-wing/nationalist SYRIZA-Independent Greeks coalition took office, a week after the Eurogroup agreement in Brussels.
 
With anti-EU banners and red party flags, members of  Anticapitalist Left Cooperation for the Overthrow (ANTARSYA) took to the streets in downtown Athens to protest the extension of continuation of loan agreements and Varoufakis’ Reform List with “austerity measures.”

Thursday, February 26, 2015

Os custos para a sociedade do combate ao tabagismo

O combate ao tabagismo costuma ser justificado em nome dos custos que os fumadores impõem ao resto da sociedade, nomeadamente o fumo passivo e os custos para o sistema de saúde (suportados por todos os contribuintes).

Eu até suspeito que esses custos sociais já estão largamente compensados: no caso do fumo passivo, porque tanto a legislação como sobretudo as normas sociais evoluiram no sentido do ato de fumar ser feito em zonas próprias (desdes bares e restaurantes com o simbolo azul até a alguma forma de pátio exterior em muitos locais de trabalho), onde os não-fumadores só vão se quiserem; no caso dos custos financeiros, porque os fumadores pagam pesados impostos sobre o tabaco e ainda por cima poupam dinheiro à segurança social (morrem suficientemente tarde para provavelmente descontarem os mesmos anos que o contribuinte médio, mas muitos suficientemente cedo para receberem menos de reformas).

Mas o que notícias como esta me fazem pensar é se neste momento as políticas de combate ao tabagismo já não terão mais custos para a sociedade do que o tabagismo propriamente dito.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Tuesday, February 24, 2015

"Camelpunk"

Interessante designação (inspirada em "steampunk") que Razib Khan aplica ao ISIS (e de certa forma também às monarquias do golfo).

"Anyone who reads science fiction won’t be entirely surprised by the juxtapositions of social media and slavery."

A intervenção do Estado aumenta a desigualdade económica?

Há quem diga que sim:

Less Economic Freedom Equals More Income Inequality, por Ronald Bailey (Reason)
 
Economic freedom and income inequality revisited: Evidence from a panel error correction model, por Nicholas Aspergis, Oguhzan Dincer e James Payne:

We investigate the causal relationship between income inequality and economic freedom using data from U.S. states over the period 1981 to 2004 within a panel error correction model framework. The results indicate bidirectional causality between income inequality and economic freedom in both the short and the long run. These results suggest that high income inequality may cause states to implement redistributive policies causing economic freedom to decline. As economic freedom declines, income inequality rises even more. In other words, it is quite possible for a state to get caught in a vicious circle of high income inequality and heavy redistribution.
O que eu suspeito - que a relação entre estatismo e desigualdade depende do tipo de intervenção: desconfio que altos impostos reduzem a desigualdade e que muita regulamentação aumenta a desigualdade.

Já agora, a respeito dessa diferença entre "impostos" e "regulação" como formas de intervenção estatal, o post Economic freedom and the size of government, or does paying taxes boost freedom?, por Tyler Cowen, e o paper Economic Freedom and the Size of Government, por James Mahon, argumentado que altos impostos estarão associados com maior liberdade económic (a esse respeito, um comentador do post de Cowen escreve "High taxes may indicate the government has used the tax system to achieve certain policy ends, rather than keeping taxes low but achieving those ends through extensive regulation. For instance, a pollution tax versus detailed emissions and building regulations for your factory" e outro "Lets say that some law of electoral dynamics means that the government every rich democracy must do roughly the same amount of stuff. Then raising taxes as buying your desired outcome requires only one form compulsion. Whereas regulating it into existence involves myriads".)

Monday, February 23, 2015

Revisitando a "quebra tendencial da taxa de lucro"

Largamente sobre outro assunto, Krugman escreve "Corporate profits have soared as a share of national income, but there is no sign of a rise in the rate of return on investment. How is that possible? Well, it’s what you would expect if rising profits reflect monopoly power rather than returns to capital."

É possível; talvez até bastante provável. Mas também há outra maneira (e até mais simples) da proporção dos lucros no rendimento nacional aumentar sem a taxa de lucro aumentar (ou até diminuir):

lucros/capital = [lucros/produto]*[produto/capital]

Assim, se o stock de capital aumentar mais depressa que o produto (ou seja, se o rácio produto/capital diminuir), podemos ter ao mesmo tempo aumento da parte do capital no rendimento nacional e manutenção ou até redução na taxa de rentabilidade do capital.

Alterando ligeiramente a fórmula acima:

lucros/capital = [lucros/salários]*[salários/capital]

lucros/capital =[lucros/salários]/[capital/salários]

Transformando em linguagem fora de moda:

taxa de lucro = taxa de mais valia / composição orgânica do capital

Ou seja, com a substituição do trabalho por máquinas (ou talvez por imobilizado incorpóreo, como patentes e afins?) no processo de produção, aumentando o que alguém chamou "composição orgânica do capital", podemos ter ao mesmo tempo aumento da parte dos lucros no rendimento (por outras palavras: "aumento da taxa de mais-valia", "pauperização relativa dos trabalhadores") sem que a taxa de lucro aumente (ou até diminua?).

Não estou a dizer que seja exatamente este mecanismo a ocorrer, mas não me parece que possa ser excluido à partida.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

"Capital humano"

Branko Milanovic é contra a expressão "capital humano"; Nick Rowe é a favor; Noah Smith não é nem deixa de ser contra.

Um problema que vejo com a expressão "capital humano" é que o "capital humano" (ao contrário da capital a sério) não pode ser vendido, alugado, dado, confiscado, hipotecado, etc., etc, sem vender, alugar, dar, confiscar, hipotecar, etc. o  trabalho da pessoa que o possui, pelo que é mais uma subcategoria do fator "trabalho" do que do fator "capital".

Isso leva a uma importante diferença - é perfeitamente possível num processo de produção o capital físico pertencer a uma pessoa e o trabalho a outra: um taxista pode alugar um taxi para trabalhar, ou inversamente o dono de um taxi pode contratar um taxista; mas já não é possível alguém fazer o trabalho de um engenheiro usando os conhecimentos de engenharia de outra pessoa (sim, é possivel alguém sem conhecimentos de engenharia trabalhar seguindo as instruções de um engenheiro, mas aí o engenheiro também tem que trabalhar; por outro lado, o engenheiro pode explicar a outra pessoa como fazer o trabalho de forma a que ela possa trabalhar sozinha, mas nesse caso a outra pessoa passou a possuir efetivamente esse "capital humano").

O corolário dessa diferença é que a distribuição do "capital humano" é, em certo sentido, mais relevante do que a do capital propriamente dito: no caso do capital propriamente dito - se assumirmos mercados financeiros e laborais com poucos ou nenhuns custos de transação, pouco diferença faz, em termos da capacidade produtiva de uma economia, quem possui o capital propriamente dito (já que os donos do capital e quem vai trabalhar com esse capital podem sempre fazer uma negociação e, ou os capitalistas contratarem trabalho, ou os trabalhadores contratarem capital); já no caso do "capital humano" é bastante provável que 9 pessoas com o 12º ano e 1 pessoa com 10 licenciaturas tenham um potencial produtivo bastante diferente do que 10 pessoas com uma licenciatura cada uma.

Pegando no post anterior, uma implicação disto é que para incentivar a acumulação de capital propriamente dito talvez o que interesse seja sobretudo a taxa marginal marginal (já que a acumulação de capital pode ser feita recorrendo sobretudo às pessoas com mais rendimentos - por definição, são quem pode poupar mais dinheiro), enquanto para incentivar a acumulação de "capital humana" seja mais relevante a taxa marginal média (como o "capital humano" não pode ser acumulado por umas pessoas para ser usado por outras, a sua aquisição tem, em principio, que ser mesmo distribuída por grande parte da sociedade).

Já agora, outra questão em que há uma diferença ente capital propriamente dito e "capital humano" é a que referi aqui - como o "capital humano" não pode ser hipotecado separadamente do dono, é mais difícil financiar a aquisição de "capital humano" via empréstimos.

Taxas médias e marginais de imposto

A respeito de impostos (nomeadamente do imposto sobre o rendimento) costuma-se falar em "taxas médias" (a proporção do total do rendimento que vai para imposto) e "taxas marginais" (o valor que vai para imposto de cada euro adicional que se ganha).

No entanto, acho que pode ser relevante definir mais alguns conceitos:

  • taxa média média: a média das taxas médias de imposto que as várias pessoas pagam (o Dia da Libertação dos Impostos apresenta-se como sendo algo parecido a isso, embora não o seja)
  • taxa média marginal: a taxa média paga pelo individuo com maior rendimento
  • taxa marginal média: a média das taxas marginais que as várias pessoas pagam
  • taxa marginal marginal: a taxa marginal paga pelo individuo com maior rendimento (dá-me a ideia que é esta taxa marginal que é usada para calcular os "índices de liberdade económica" e indicadores do género)
É, creio, ponto assente na ciência económica que os incentivos dependem das taxas marginais, não das taxas médias; mas o que será mais relevante: a taxa marginal marginal (como me parece implícito em muito do que é escrito sobre o assunto), ou a taxa marginal média? Num cenário em que se considere que o que interessa é incentivar um pequeno grupo de pessoas com altos rendimentos (que se considere serem altamente produtivas, como trabalhadores ou como investidores) o mais relevante será a taxa marginal marginal; numa situação em que se considere que o que interessa é incentivar um grande número de pessoas, já a taxa marginal média será o mais importante.

Um exemplo de uma questão em que a diferença entre a taxa marginal marginal e a taxa marginal média é importante: a flat tax, que provavelmente (quase de certeza, se a ideia fosse ser neutra em termos de receita) levaria a uma diminuição da taxa marginal marginal e a um aumento da taxa marginal média.

Uma nota final - talvez em vez da taxa marginal média, um indicador mais relevante fosse mesmo a taxa marginal mediana (a taxa marginal paga pelo contribuinte mediano), mas não quis estragar o meu jogo de palavras...

Sunday, February 22, 2015

Friday, February 20, 2015

Se a Grécia sair do euro

The harsh realities of the Greece-Eurozone game of chicken (Sober Look):

The damage to the euro area

First of all it's important to point out that the so-called "Grexit" is equivalent to a complete failure to pay on obligations by the Greek government, its banks, corporations, and households. While everyone is focused on the €315 billion Greece owes to the Eurozone, the IMF, and others, the damage to the euro area would actually be much greater. (...)

The damage to Greece

(...)

Greek businesses will demand bags of drachmas for any goods and services they offer. And there is little chance that foreigners will accept drachmas for shipments of food, fuel, etc. With Greek government euro accounts frozen abroad after the default, access to hard currency will be cut off as the Bank of Greece will be forced to sell off its gold holdings. It's a humanitarian crisis in the making.

Thursday, February 19, 2015

A Grécia cedeu?

Greece just blinked, por Mike Bird (Business Insider):

Eurogroup president Jeroen Dijsselbloem says he has just received a request from Greece for a six-month loan extension.

The main question now is the detail of what Greece has submitted. It's it's a request for an extension of the existing bailout then it's a massive climb-down for the radical new government.

Controles de capitais na Grécia (II)?

The leak about capital controls in Greece is a sure sign the ECB is falling apart, por Tomas Hirst (Business Insider):

A report in a German newspaper today that the European Central Bank (ECB) discussed capital controls for Greece, which was subsequently denied by the ECB, highlights deep tensions within the institution.

Controles de capitais na Grécia?

Segundo o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o BCE quer que a Grécia imponha controles de capitais:

In central bank circles it was discussed why the Greek government had not yet introduced capital controls. "The Governing Council and the Governing banking supervisors would be better if there were capital controls to prevent bleeding of the banks," it was said in ECB circles. The Council of the Central Bank also discussed the question of whether and how long the Greek banks in general are still solvent. ELA-emergency loans may only be granted to temporarily illiquid but solvent banks in principle.

[Tradução do Business Insider]
No entanto, o BCE nega que tal ideia tenha sido discutida.

O paradoxo disto, claro, é que aparecerem rumores de que, para impedir a fuga de dinheiro dos bancos gregos, vão ser criados limites ao levantamento de dinheiro acaba por contribuir para ainda mais levantamentos.



Se daqui a uns anos se tentar corrigir isso, vai-se dizer que em Moçambique não respeitam os direitos de propriedade

Usurpadores de terras em Moçambique (Visão):

Milhares de camponeses do Corredor de Nacala, Norte de Moçambique, estão a ser expropriados ilegalmente das suas terras em nome de megaprojetos de agronegócio nas mãos de empresas internacionais, incluindo portuguesas. A história é revelada esta quinta-feira, dia 18, pela organização não-governamental (ONG) espanhola GRAIN e pelo português OBEGEF - Observatório de Economia e Gestão de Fraude.

As duas instituições são parceiras na denúncia de um esquema que, de acordo com José Pedro Martins, do OBEGEF, "indicia tráfico de influências" envolvendo altos responsáveis da FRELIMO. "O nosso interesse nesta história", assume João Pedro Martins à VISÃO, "tem a ver com o envolvimento de empresas portuguesas ou com ligações a Portugal

Wednesday, February 18, 2015

Editorial do New York Times sobre a Grécia

Give Greece Room to Maneuve, pelo "Editorial Board" do NYT:

However much the eurozone ministers may find it difficult to make concessions to a nation they perceive as profligate and ungrateful, they must come to grips with the fact that cutting Greece some slack now is the only good choice they have.

O que é austeridade?

No post anterior escrevi que não é muito claro o que quer dizer "acabar com a austeridade"; a principal razão é que o próprio conceito de austeridade é algo ambíguo.

Só existe uma política que toda a gente concorda que é austeridade:

- reduzir o deficit através da redução da despesa pública

Fora isso, há montes de situações que (muitas vezes ao serviço do interesse da retórica) que podem ou não ser austeridade.

- Reduzir o deficit via aumento de impostos é austeridade? Do ponto de vista do efeito sobre a procura agregada a diferença não é muita (ainda que se pode argumentar que reduzir o consumo público reduz um bocadinho mais a procura do que cortar subsídios ou subir impostos); de um ponto de vista ético pode fazer uma grande diferença, caso se considere que impostos são similares a roubo. Na prática parece-me que tanto keynesianos e "austerianos" saltam entre as duas definições conforme mais jeito der (se a economia está em recessão, o keynesiano vai procurar uma definição de austeridade que diga que há uma política de austeridade; se a economia estiver em expansão, vai procurar uma definição que diga que não há austeridade - e o "austeriano" vai fazer o contrário)

- Se se reduzir os impostos e/ou aumentar a despesa pode-se dizer que já não há austeridade? Ou a austeridade só acaba quando se regressar ao nível que se estava antes de começar a política de austeridade? Há quem diga que os efeitos macro-económicos das politicas orçamentais dependem mais da variação do saldo orçamental do que do valor em si (reduzir o deficit/aumentar o superavit - deprime a economia; aumentar o deficit/reduzir o superavit - estimula a economia), pelo que se poderia argumentar que qualquer politica de relaxamento orçamental é uma politica expansionista (se for assim, talvez nem exista o conceito de "reduzir a austeridade")

A Grécia tramou o PS?

Desconfio que a situação grega, aconteça o que acontecer, vai pôr o PS e António Costa em maus lençóis.

Na hipótese mais provável, de a Grécia não conseguir nada e ter, se não que sair do euro, pelo menos que congelar as contas bancárias (ou então ceder completamente ao resto da UE e ficar tudo na mesma), vai ser muito díficil a António Costa, quando chegar a campanha eleitoral falar em acabar com a austeridade, mudar a política europeia, etc. Vai ter que explicar como pretende triunfar onde os gregos falharam, e não vai ser fácil.

Na hipótese menos provável, de a Grécia conseguir efetivamente mudar as condições do programa e acabar ou reduzir a austeridade (nota: não é muito claro o que significa exatamente "acabar com a austeridade"), isso irá beneficiar sobretudo o Bloco de Esquerda, o partido português mais associado ao Syriza.

Ou seja, o PS está numa situação de "perde-perde"; talvez até ganhe as eleições, mas de certeza sem maioria absoluta.

Um ponto adicional (que até poderia afetar o que escrevo acima se não fosse as eleições serem já este ano): se a Grécia conseguir negociar um acordo favorável com a UE, aposto que em breve a Internacional Socialista, o Grupo Socialista no Parlamento Europeu e/ou a Aliança Progressista vão começar a fazer convites.

O BCE e os bancos gregos

The unwitting euro enforcer…, por Peter Doyle (FT Alphaville):

If Euro-Greek negotiations fail, the ECB will face such a fork in the road. The ECB will have to decide in an instant whether to extend its €65bn Emergency Liquidity Assistance (ELA) to Greek banks or not. (...)

Accordingly, I asked three prominent Euro-cum-central banking experts what they would do on ELA if they were the ECB and Euro-Greek negotiations failed. They split three ways: one favored ELA maintenance regardless; the second required at least some sort of fig leaf prospect of continued dialogue; the last said cut them off.

That range of answers partly reflects the silence of the ECB charter on the matter, a remarkable state of affairs in itself given how much hangs on it. If ELA continues, a (if not the) key de facto mechanism forcing Euro authorities to cooperate will have failed, leaving the world’s second reserve currency burdened with bureaucracy but without a biting coordinating mechanism. On the other hand, if ELA stops, all Greek banks will collapse and Grexit is inevitable—a global shock likely bigger than Lehman’s.(...)

Core principles do not provide a clear guide for this decision either. The very recent ECB stress test and Asset Quality Review determined that Greek banks were solvent. Though that may now be qualified by subsequent Syriza plans to prevent banks repossessing residential property, banks’ insolvency—the standard reason for denial of ELA—would arise principally from Euro exit, which ECB ELA itself could prevent. And more broadly, just as the Federal Reserve has no authority to exclude (say) Utah from use of the U.S. dollar and was established expressly to prevent panic, so ECB independence was never envisaged as giving it a veto on individual European States’ use of the Euro (...).

And as if all this were not enough, the particular ECB officials on whose discretion these matters will hinge depends in part on a lottery—namely, the “rotating principle” which selects the particular ECB board members eligible to vote at any given time!

As propostas apresentadas pela Grécia na reunião do Eurogrupo

Um compacto da documentação apresentada na reunião do Eurogrupo[pdf], publicados pelo jornal Ekathimerini (via Frances Coppola).

Inclui as propostas gregas, e mais os dois rascunhos apresentados pela representantes da UE.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

"Who cares?"

Adorei os comentários (como este - "Who cares?") a este artigo da Business Insider sobre uma gaffe no filme "As 50 sombras de Grey" (um artigo português sobre o mesmo assunto).

Perguntarão porque é que eu estoua linkar a um artigo cujo conteúdo merece ser qualificado como "who cares?", mas aquilo, de tão irrelevante que é, acaba por se tornar engraçado.

Ainda sobre "tráfico humano"

Um comentário neste artigo do Comment Is Free do Guardian sobre o assunto, que elucida bem a ambiguidade do conceito:

So now 'trafficking' is confused with three different things: Any kind of prostitution; any kind of forced labour; illegal immigration using any kind of facilitator (which is likely most of it). Maybe that is why so many people like to campaign about it: they can take the moral indignation from 'forced prostitution' and the large numbers from illegal immigration, and apply it to a campaign on any vaguely related topic that they feel strongly about.

"Tráfico humano"

Notícias como esta levam-me a desconfiar do que é que as pessoas querem dizer quando falam de "tráfico humano".

Supostamente "tráfico humano" consiste em manter pessoas presas, normalmente para motivos de exploração laboral ou sexual.

No entanto, lendo a notícia acima, não vejo nada que dê a entender que as mulheres em questão estivessem retidas contra a sua vontade (note-se que se diz «que angariavam concidadãs para a prática da prostituição no bordel do grupo», o que dá a entender que elas não era raptadas, nem iludidas com aquela história - que se calhar só existe nos filmes - "vais trabalhar como secretária com um ordenado muito bom")

Zero lower bound?

A prova que, mesmo que os juros desçam abaixo de zero, pouco efeito isso tem na economia real?

Nos contratos mais antigos, com spreads muito baixos - de 0,2% e 0,3% -, poderá não ser possível descontar totalmente o valor negativo do juro. Um exemplo: se a Euribor a 3 meses se fixar em - 0,4% e se o spread for de apenas 0,3%, a taxa de juro anularia a cobrança do spread e o cliente pagaria apenas a parte do capital em dívida ao banco. A Deco entende que a Euribor negativa deve ser descontada até ao limite do spread e não para além dele, uma opinião que é partilhada por alguns economistas com quem a VISÃO falou. Caso contrário, seria o banco a ter de pagar ao cliente devedor...

À exceção do BCP, que pretende aplicar uma Euribor igual a zero aos clientes mesmo que a taxa de juro entre em terreno negativo, os bancos ainda não se pronunciaram. Preferem aguardar pelas indicações do Banco de Portugal.
Deixando de lado o paradoxo de os bancos não se importarem de negociar novos contratos com juros negativos (sempre que no mercado interbancário ou numa emissão de dívida alemã se estabelecem juros negativos, isso quer dizer que os intervenientes estão a concordar com um contrato com juro negativo) mas pelos vistos estarem dispostos a renegociar unilateralmente os contratos já assinados para o juro não ficar negativo.

O texto de Gabriel Mithá Ribeiro

No seu artigo Pobreza?, Gabriel Mithá Ribeiro expõe (apresentando a sua experiência pessoal) a posição de que a probeza deriva mais de hábitos e comportamentos do que de as pessoas serem vítimas "do sistema" ou algo assim (pelo menos, foi assim que interpretei o seu texto).

É uma hipotese defendida por muita gente (com a qual, como já perceberam pelo que têm lido neste blogue nos últimos 9 anos, eu não concordo), mas não deixa de ser uma hipótese respeitável, e que terá certamente a sua parte de verdade (creio que o nosso destino é em parte determinado pelas nossas atitudes, e em parte pelo sistema social em que estamos inseridos, e agora é uma questão de medir qual das duas componentes é predominante).

O que já me parece mais discutível é a arrogância moral de GMR, pondo em causa que pessoas que não tenham sido pobres possam falar sobre a pobreza e defender posições políticas e sociais usando a luta contra a pobreza como argumento.

Só para percebermos como isso é absurdo, imagine-se a seguinte situação - será que um não-judeu não pode criticar o anti-semitismo? Será que um homem não pode criticar a opressão das mulheres nas culturas muçulmanas? Será que um europeu não pode criticar a forma como os israelitas tratam os palestinianos ou, já agora, a forma como os palestinianos tratam os israelitas? Será que um heterossexual não pode defender a atribuição de certos direitos legais aos homossexuais? Um homem livre não pode ser um ativista anti-escravatura? Que eu saiba, defender causas que não beneficam diretamente (ou até podem prejudicar) a pessoa que se envolve nessas causas até era suposto ser uma coisa meritória... Além da contradição em que GMR cai, considerando que "a pobreza jamais deveria ser politicamente instrumentalizada" e, depois, instrumentalizando a sua própria pobreza para proclamar uma espécie de superioridade para falar sobre o assunto.

Alguém pode dizer que "uma coisa é defender, outra é instrumentalizar politicamente", mas é a mesma coisa - é como aqueles verbos irregulares ("Eu tenho um espírito independente; tu és um excêntrico; ele é um lunático"): "Eu defendo o [grupo X]; ele instrumentaliza politicamente o [grupo X]".

Noto ainda que GMR, como é de bom tom, critica o "politicamente correto" (há coisa mais "politicamente correta" do que dizer mal do "politicamente correto"?), mas faz o mesmo que muita gente critica no "politicamente correto" (pelo menos, nos EUA): considerar que só a opinião das pessoas que pertencem a certos grupos (mulheres, "minorias", etc.) conta.

Já agora, vou relatar as minhas experiências de vida:

Nasci em Moçambique, na então Lourenço Marques, filho de uma professora primária, nascida em Paderne, e de um então electricista dos CTT (que estava a tirar o curso de engenheiro técnico), nascido em Loulé e crescido em Faro; a nossa família era mesmo daqueles que tinha negros que iam a casa servir (duas raparigas que acho que deviam ajudar a minha mãe em casa ou coisa assim - atenção que eu tinha um ano na altura, logo estou a falar de ouvir).

Quando da independência os meus pais regressaram ao Algarve, e o meu pai, depois de dar aulas um ano ou dois, voltou a arranjar emprego nos CTT, agora já como engenheiro técnico, em Portimão.

Tive uma vida confortável de classe média-alta, tendo boas notas na escola e beneficiando claramente de pertencer a uma família com muitos livros em casa; a prova que eu beneficiei disso - os meus professores diziam que eu tinha a mania de só fazer o que queria e que me apetecia e até que tinha um "comportamento de mim contra mim mesmo"; o facto de eu estudar pouco a matéria das aulas era compensado porque, como me fartava de ler os livros sobre animais e sobre história que os meus pais tinham em casa, tinha cultura geral suficiente para ter boas notas, ainda que sem o conhecimento detalhado necessário para ter mesmo notas muito altas (ou seja, se não tivesse esses livros em casa poderia ter sido uma desgraça na escola).

Muitos dos meus amigos de infância seriam possivelmente  pobres ou, no máximo, classe média-baixa para os padrões portugueses, e alguns tiveram um percurso subsequente um pouco estranho, com insucesso escolar e mais tarde prisões ocasionais por posse de droga e coisas assim, mas, ao que sei, nenhum caiu naquela pobreza estilo RSI (quando tinha para aí 11 anos, um dos meus amigos - depois de ter reprovado no 1º ano do Ciclo teve esta conversa com a minha mãe: "Ele - Quero ser electricista; Ela - Mas não queres estudar mais?; Ele - quero estudar aquelas coisas que eu quero"; mas como posso eu criticá-lo por preferir aprender a mexer em equipamentos eléctricos do que a estudar a matéria do 1º ano do ciclo se eu também preferia ler "O ABC da Natureza" ou "A Guerra no Mundo desde 1945" a estudar a matéria do 2º ano do ciclo?)

Eu poderia vir com a conversa "a minha consciência social deriva de em criança ter brincado com miúdos desfavorecidos"; mas seria mentira - não me lembro de em momento algum ter tido algum pensamento do género "coitados dos meus amigos, que não têm muitas coisas que eu tenho"; o que eu pensava com essa idade era mais "o bairro deles é muito mais divertido que o meu".

Por essa altura (11 anos), os meus pais ofereceram-me um ZX Spectrum 48K pelo Natal (parece um pormenor irrelevante, mas não é - esperem um pouco).

Na adolescência nunca trabalhei nas férias, algo na altura normal no Algarve mesmo para jovens de classe média.

Andei na universidade em Lisboa, com os meus pais a pagarem o aluguer da casa e mais uma mesada mensal.

Após a universidade, finalmente uma fase da minha vida em que passei uma espécie de dificuldade: demorei cerca de 4 anos a conseguir arranjar um trabalho a sério (até lá andei tirando formações profissionais - financiadas pelo Fundo Social Europeu - ou dando aulas naquele esquema de 3 horas por semana); não é muito fácil alguém que é um caso marcado de personalidade INTP conseguir arranjar emprego quando quase todas as vagas para economistas são na área comercial (de novo, a questão: o problema está no comportamento individual - a minha personalidade - ou na estrutura social - o tipo de empregos disponíveis?). De qualquer forma, os meus pais sustentaram-me sempre enquanto não arranjei emprego.

Quando finalmente arranjei um emprego, a minha principal mais-valia foi sobretudo o saber programar computadores (nomeadamente fazer macros em VBA no Excel); ora, eu aprendi a programar... com o tal ZX Spectrum que os meus pais compraram (ou seja, se eles não tivessem comprado esse computador, hoje em dia eu provavelmente não teria emprego).

Concluindo - eu só sou o que sou atualmente graças aos privilégios que gozei durante os meus anos formativos.

Num mundo em que as discussões se regessem pela razão e pela lógica, isso seria um argumento que daria força às minhas posições esquerdistas: eu sou a prova viva de que a nossa posição social de origem pode contribuir decisivamente para o nosso percurso ao longo da vida.

Já num mundo em que as discussões se rejam por truques emocionais e argumentos ad hominen, é capaz de ter o efeito oposto ("Como é que este comedor de caviar pode vir falar de injustiças sociais quando ele sempre pertenceu às classes favorecidas? Hipócrita!!").

Tuesday, February 17, 2015

O que pode acontecer agora na Grécia (IV)

Greece: The Deal and the Risks, por Duncan Weldon.

Visto agora no twitter

Aproxima-se um fim de semana prolongado na Grécia - 23 de fevereiro é feriado Segunda-Feira Pura, o primeiro dia da Quaresma Ortodoxa).

As diferenças entre a Grécia e o resto do Eurogrupo

The two words dividing Greece and the Eurogroup, por Frances Coppola.

In its 2012 letter to the Eurogroup, the Greek government committed to achieving primary surpluses of 4.5% from 2016 onwards.

This was never a credible commitment. Attempting to achieve primary surpluses of such size for an extended period of time would ensure the Greek depression – already longer and deeper than the US Great Depression - continued not for years but for decades, and would probably be unattainable anyway because of that depression. And the collapsing GDP consequent on such austerity would actually increase, not decrease, the debt burden. It’s a vicious spiral which Yanis Varoufakis has described as “debt deflation”.

Irving Fisher, writing about the US Great Depression, defined “debt deflation” as a condition where “The more the debtors pay, the more they owe”. This is undoubtedly true of Greece: attempting to comply with the terms of the November 2012 agreement has resulted in debt rising from 110% to 175% of GDP in three years. Since, during that time, Greece has managed to achieve a small primary surplus, this astonishing debt/GDP increase is almost entirely due to falling GDP.

O que pode acontecer agora com a Grécia (III)

Greece and the Art of Liquidity, por Neil Wilson:

There have been at least six arbitrary deadlines that have come and gone all of which individually signalled 'The End' for Greece and all of which had no effect whatsoever.

O que pode acontecer agora com a Grécia (II)

Greek crisis talks collapse in acrimony as Syriza defies EM, por Ambrose Evans-Pritchard (Daily Telegraph)

O que pode acontecer agora com a Grécia

Greece Talks Fail: Instant Reaction, por Duncan Weldon:

I still think a deal is not only possible but more likely than not. But getting there is going to be rough and the odds that it involves a period of Greece in the ‘Euro but with capital controls’ just rose.

Sunday, February 15, 2015

Combate à obesidade

Obese could be ordered to 'lose weight or lose benefits' if Conservatives win General Election (The Independent).

[Diga-se que os Trabalhistas e mesmo os Liberais também têm o seu próprio historial de dirigismos sobre o estilo de vida]

Taxas de juro negativas

Storing Paco (negative nominal interest rates), por Tyler Cowen:

Paco is a dog who lives in Norman, Oklahoma. Recently I learned it costs $12 to store him for a day, with webcam services attached. In this sense there is a negative nominal interest rate on Paco.

Saturday, February 14, 2015

Portugal é (quase) a Grécia

Países da OCDE que mais fizerem "reformas" (segundo a OCDE):















[Via Frances Coppola]

Venezuela: os dias do fim?

Venezuela is fraying, em The Economist (publicado pelo Business Insider)

, por "Boz"

Uma passagem interessante do segundo artigo:

One of the things that concerns me about Venezuela's stability today is that there is an entire generation of military officers trained to believe that the coup on 4 February 1992 was a heroic act by a man who eventually became president. Unlike the rest of South America, where militaries have been warned away from coups and punished (at least mildly) for their legacies, Venezuela's official military doctrine for the last 15 years says there is a difference between a good military coup and a bad military coup. They've been given a model for what a "good coup" looks like. They've had parades celebrating that 4F coup and its legacy.

Friday, February 13, 2015

E se a Grécia sempre sair do euro?

'Grexit' would be no easy ride for austerity-weary Greeks, por Jeremy Gaunt (Reuters):

For a while, at least, Grexit may bring worse pain to the Greeks than the austerity policies imposed by the European Union and IMF

Zona euro: reforma ou colapso?

Europe’s Stark Choice: Reform or Collapse,por Frances Coppola, no New Left Project:

But the Eurozone is not a complete union. It is a collection of sovereign states that have chosen to use a currency that none of them uniquely issues. Monetary policy is common across the Eurozone, but fiscal policy is the responsibility of the individual states. And therein lies the problem.

In a complete union such as the United States, a single monetary authority is partnered by a single federal-level fiscal authority. Automatic stabilisers (pensions, important welfare benefits, income taxes) are set by the federal authority and apply to all states in the union equally, just as monetary policy does. Other functions such as education may also be administered at federal level to ensure that all citizens have equal opportunity. Individual states or cities may raise their own funds to administer local programmes, and if they act irresponsibly they can and do go bankrupt, as Detroit in the US has done recently. In a complete union, the broad base of taxation and benefits is not affected by city or state bankruptcies. People in Detroit didn’t lose their pensions because the city had run out of money. But in the Eurozone, if a state runs out of money it may be unable to pay its pensioners (...)

The Eurozone is slowly being forced towards fiscal union, because monetary union without fiscal union does not work. The current fiscal compact is clearly not fit for purpose: if there is one thing that the Greek rebellion could usefully achieve, it would be to force its redesign. The Greek finance minister says that his aim in forcing the Greek problem into the open is to deepen Eurozone integration. It remains to be seen if he will succeed, or whether Greece will be forced to leave the union, temporarily or permanently.

William Burroughs - um estranho conservador ou um estranho radical?

The Sultan of Sewers, por Jesse Walker (Reason):

After Naked Lunch was published in 1959, Burroughs graduated from unknown writer to literary celebrity. Today he is widely regarded, along with Ginsberg and Jack Kerouac, as one of the three towering figures of the Beat movement. He was one of the most prominent figures in the emergence of the postwar counterculture, and his influence stretches well beyond the Beats to the bohemias of the '60s, the '70s, and beyond. In 2014, a century after his birth in St. Louis, his work remains a touchstone for alienated cynics of all kinds.

But Burroughs' worldview was miles from the peace-and-love socialism that our cultural clichés tell us to expect from a hippie hero. In 1949, according to Barry Miles' new biography Call Me Burroughs, he complained to Kerouac that "we are bogged down in this octopus of bureaucratic socialism." When he was a landlord in New Orleans he sent Ginsberg a rant against rent control, and when he found himself owning a farm in Texas he gave Ginsberg an earful about the evils of the minimum wage. Eventually he departed for Mexico, and there he wrote to Ginsberg again. "I am not able to share your enthusiasm for the deplorable conditions which obtain in the U.S. at this time," he told his leftist friend. "I think the U.S. is heading in the direction of a Socialistic police state similar to England, and not too different from Russia....At least Mexico is no obscenity 'Welfare' State, and the more I see of this country the better I like it. It is really possible to relax here where nobody tries to mind your business for you." He added that Westbrook Pegler, a hard-right pundit who would soon be a vocal defender of Sen. Joe McCarthy, was "the only columnist, in my opinion, who possesses a grain of integrity."

Two decades later, covering the Democratic Party's bloody 1968 convention for Esquire, Burroughs manifested a more left-wing aura. A day after his arrival he donned a McCarthy button—the antiwar insurgent candidate Eugene McCarthy, that is, not Pegler's pal Joe. When cops started assaulting protesters outside the convention hall, Burroughs immediately aligned himself with the radicals in the streets, declaring in a public statement that the "police acted in the manner of their species" and asking, "Is there not a municipal ordinance that vicious dogs be muzzled and controlled?" (...)

So had the aging artist shifted from the far right to the far left? (...)

Burroughs was no conventional conservative. As a bisexual, a drug user, and a writer whose work was regularly damned as "obscene," he came to regard the right as a gang of bigots and busybodies. But he was no conventional radical either. (...)

Another revolutionary fantasy opens Burroughs' 1981 novel Cities of the Red Night. Here again the heroes are outlaws. Burroughs had discovered the legend of Captain Misson, a probably-fictional pirate whose self-governing, freedom-loving crew was said to have targeted slave ships, liberating the cargo and inviting them to join Misson's buccaneers as equals. According to legend, they eventually established an anarchistic colony on Madagascar called Libertatia. Burroughs imagines an alternate history where Libertatia survived and inspired imitations. "Imagine a number of such fortified positions all through South America and the West Indies, stretching from Africa to Madagascar and Malaya and the East Indies, all offering refuge to fugitives from slavery and oppression," Burroughs writes. "Imagine such a movement on a world-wide scale. Faced by the actual practice of freedom, the French and American revolutions would be forced to stand by their words. The disastrous results of uncontrolled industrialization would also be curtailed, since factory workers and slum dwellers from the cities would seek refuge in [the pirate colonies]. Any man would have the right to settle in any area of his choosing. The land would belong to those who used it. No white-man boss, no Pukka Sahib, no Patrons, no colonists."

In a sense this was a new Burroughs: The onetime landlord and employer was now dreaming of a world without landlords or bosses. But the mechanism he imagined didn't resemble the rent-control and minimum-wage laws he denounced in the '40s. If anything, he was calling for something even more anti-statist. Burroughs didn't want a bureaucracy; he wanted a world without control systems.

Thursday, February 12, 2015

Câmbios fixos

, por "Boz":

An Economist daily chart last week looked at currency pegs around the world. The Latin America part of the map has an unusual pattern. Look at the countries that peg their currencies to the United States dollar.

Argentina, Bolivia, Cuba, Nicaragua and Venezuela all voluntarily peg their currencies to the US dollar. Ecuador uses the dollar as its official currency.

It's odd that all of these countries that define their foreign policies as "anti-imperialist" and who regularly criticize US policy towards the region voluntarily choose to peg their currencies to that of the empire. There is nothing done by the US to force those countries to do that. They could choose at any time to freely float the currencies or link them to each other or to the Euro or to the Chinese Yuan or to the Brazil Real.

Wednesday, February 11, 2015

O vídeo de Ruslan Kotsaba

O vídeo pelo qual o jornalista Ruslan Kotsaba está preso na Ucrânia por o ter posto na internet:



Aqui (tradução via google... )a posição da Amnistia Internacional da Ucrânia sobre o assunto.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Monday, February 09, 2015

Indemnizações de guerra?

Sinceramente, acho ridículo (talvez com uma exceção), a respeito da questão da renegociação da dívida, vir invocar que a Alemanha ainda deve dinheiro das indemnizações da II (ou mesmo da I) Guerra Mundial.

Para começar essa dívida já foi perdoada pelos países supostamente credores, logo a Alemanha já não deve nada por aí (vir agora falar de dívidas que já foram perdoadas seria como se agora se conseguisse renegociar a dívida grega mas daqui a umas décadas voltassem a pedir o dinheiro).

Falar disso (das dívidas perdoadas) é relevante em abstrato, como defesa do principio que em certos momentos o melhor que há a fazer é perdoar (total ou parcialmente) dívidas (ou juros); mas falar nisso como se se quisesse vir agora buscar mesmo esse dinheiro acho que não tem grande lógica.

Além disso, "indemnizações de guerra" não são dívidas a sério - não passam de um tributo que os vencedores impunham aos vencidos no fim das guerras; e isso aplica-se sobretudo à suposta dívida da Alemanha a Portugal, resultante de "indemnizações" de uma guerra em que Portugal se meteu largamente porque quis.

Qual a exceção que referi acima? Durante a II Guerra Mundial, os alemães exigiram da Grécia um "empréstimo forçado", em que o Banco Central grego imprimiu uns milhares ou milhões de dracmas que "emprestou" ao exército alemão (creio que foi esse dinheiro que os soldados alemães gastaram durante a ocupação). Neste caso, haverá mesmo uma dívida - trata-se mesmo de um empréstimo que a Alemanha (quando estava na mó de cima) contraiu junto da Grécia (não de um valor que os vencedores decidiram que o vencido teria que pagar, como no caso das indemnizações propriamente ditas). De qualquer forma,  mesmo neste caso, se não se aplica a segunda objeção, continua a aplicar-se a primeira.

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Vacinas

Deve a vacinação ser obrigatória?

Há primeira vista, poderia-se pensar que quem não se vacina está-se a prejudicar a si próprio, logo estaria no seu direito.

No entanto, há aqui duas peculiaridades:

a) Em primeiro lugar, grande parte das vacinas são para ser tomadas quando se é criança, ou seja numa idade em que há um consenso quase geral de que as pessoas precisam que alguém mande neles para seu próprio bem; assim, a questão será - deve caber unicamente aos pais a decisão de vacinar ou não os seus filhos, ou a "sociedade" em certas circunnstâncias deve ultrapassar a autoridade dos pais em nome do bem-estar dos filhos?

b) Em segundo lugar (e talvez o mais importante), se as vacinas fossem 100% efetivas, quem não se vacinasse só se estaria realmente prejudicando a si próprio (afinal, mesmo que eu apanhasse uma doença por não me vacinar, só iria contagiar outras pessoas que também não se vacinam, e os adeptos das vacinas continuariam protegidos e a viver a sua vida tranquilmente); mas a maior parte das vacinas não são 100% efetivas - há sempre uma pequena probabilidade de alguém vacinado apanhar a doença se for exposto ao micróbio; desta forma, os não-vacinados (que apanham mais facilmente a infeção) continuam à mesma a representar um perigo para os vacinados (a isso junte-se o problema adicional que algumas pessoas não podem mesmo ser vacinadas, ou porque são muito novos, ou por questões de saúde, etc.; estes não-vacinados involuntários são postos em perigo pelos não-vacinados voluntários).

Em regra geral, considera-se que, desde que uma dada percentagem da população (costuma-se falar em 95%, mas não sei se esse número é valido para todas as doenças, ou se é apenas o mais falado por ser um múltiplo de 5) esteja imunizada contra uma doença, toda a população acaba por estar protegida (a chamada "imunidade de grupo") - como quase ninguém pode apanhar essa doença, mesmos os raros não-imunizados (seja por não estarem vacinados e nunca terem apanhado a doença antes, seja por - mesmo tendo sido vacinados ou infetados - a imunização não ter funcionado) não se vão cruzar com ninguém infetado, e não vão apanhar a doença.

Agora voltamos à questão inicial - a vacinação deve ser obrigatória? Uma solução, que permitisse a algumas pessoas que são visceralmente anti-vacinação não se vacinarem, e ao mesmo tempo não pusesse em perigo a saúde pública, passaria por assegurar que o número de não-vacinados nunca ultrapassasse o limiar a partir do qual deixa de haver "imunidade de grupo"; isso poderia ser feito cobrando uma taxa de não-vacinação (no fundo, um imposto pigouviano): se houvesse muita gente a não se querer vacinar (a níveis perigosos), subia-se o valor da taxa até reduzir a quantidade de não-vacinados a niveis inofensivos (as pessoas que não se pudessem mesmo vacinar por razões da saúde seriam isentas); em alternativa, poderia-se emitir (um número limitado) de "licenças de não-vacinação" e vendê-las em leilão - eu até acho que este sistema seria mais eficiente, já que fixava de antemão a quantidade de pessoas não-vacinadas (enquanto no sistema da taxa é preciso ir por tentativa e erro até acerta num valor que garantisse que a quantidade de não-vacinados seria inofensiva), mas acho que seria politicamente impossível de implementar (soaria muito mal que o "direito à não-vacinação" fosse apresentado como algo reservado para quem esteja disposto a pagar mais, mesmo que na prática o sistema da taxa vá dar ao mesmo).

[Se alguém achar esses dois sistemas muito parecidas com as propostas para limitar a poluição - como impostos sobre a poluição ou quotas transacionáveis de emissão de poluentes - não é coincidência]

Note-se que, embora, eu ali acima fale desse sistema tomando como implicita a sua implementação a nivel de um estado nacional, esse mecanismo (ou algo muito parecido) poderia perfeitamente ser implementado a nivel de um munícipio, escola, condomínio, clube recreativo, etc.

É preciso também notar que há vacinas e vacinas - atendendo à perigosidade da doença, possibilidade real de contágio grau de dúvida sobre a própria efetividade da vacina, etc. (tal como atualmente há vacinas que são obrigatórias e outras não, só faria sentido aplicar este sistema aquelas vacinas que se considera-se que havia mesmo um interesse coletivo importante em assegurar que muita gente se vacinasse - em principio seriam as que atualmente são obrigatórias; p.ex., creio que não faria sentido cobrar uma taxa a quem não se quisesse vacinar contra a gripe).

Uma nota final - o problema da recusa da vacinação nos EUA (que originou recentemente uma epidemia de sarampo) deriva largamente de um mito de que as vacinas provocam autismo. O que é interessante aqui é que as pessoas que desconfiam da medicina institucional teriam pelo menos duas possíveis teorias "anti-medicina institucional" para explicar o aumento de diagnósticos de casos de autismo - a teoria de que as vacinas causam autismo, e a teoria de que os psicólogos estão a diagnosticar como "autistas" muitas pessoas que são apenas excêntricas (tal como muita gente defende acerca dos diagósticos de "Déficit de Atenção/Hiperatividade"); pelos vistos, optaram pela teoria que já foi mais que refutada por montes de estudos(a das vacinas) em detrimento daquela que talvez até tenha alguma sustentação (a dos erros de diagnóstico, que é defendida inclusive pelo próprio psiquiatra que coordenou o grupo de trabalho que nos anos 90 alterou as regras de diagnóstico de autismo e condições similares)

"Imprimir moeda" sem imprimir moeda?

Beware of Greeks Bearing Bonds, por John Cochrane:

Once again, the news is full of opinions that Greece might be forced to leave the Euro. Once again, it makes little sense to me. U.S. corporations, municipalities, and even states default, and do not have to leave the dollar zone as a result. (...)

Another common story right now: If Greece were to default, it would have a hard time borrowing to fund primary deficits. By leaving, it can print up Drachmas to pay bills.

OK, here's the obvious solution: Greece can print up small-denomination zero-coupon bearer bonds, essentially IOUs. They say "The Greek government will pay the bearer 1 euro on Jan 1 2016." Greece can roll them over annually, like other debt. Mostly, they would exist as electronic book entries in bank accounts, but Greece can print up physical notes too. (...)

 Yes, this proposal amounts to creating a separate or dual currency, while staying on the euro. That is exactly the point. Not only does a country in default not need to change currencies, in modern financial markets, a country doesn't even need the right to print money in order to, well, print money! Bonds are money these days.

Sunday, February 08, 2015

n+2...

What Is Plan B for Greece?, por Keneth Rogoff:

Financial markets have greeted the election of Greece’s new far-left government in predictable fashion. But, though the Syriza party’s victory sent Greek equities and bonds plummeting, there is little sign of contagion to other distressed countries on the eurozone periphery. (...)

Some eurozone policymakers seem to be confident that a Greek exit from the euro, hard or soft, will no longer pose a threat to the other periphery countries. They might be right; then again, back in 2008, US policymakers thought that the collapse of one investment house, Bear Stearns, had prepared markets for the bankruptcy of another, Lehman Brothers. We know how that turned out. (...)

Once the crisis erupted and Greece lost access to new private lending, the “troika” (the IMF, the ECB, and the European Commission) provided massively subsidized long-term financing. But even if Greece’s debt had been completely wiped out, going from a primary deficit of 10% of GDP to a balanced budget requires massive belt tightening – and, inevitably, recession. Germans have a point when they argue that complaints about “austerity” ought to be directed at Greece’s previous governments. These governments’ excesses lifted Greek consumption far above a sustainable level; a fall to earth was unavoidable.

Nonetheless, Europe needs to be much more generous in permanently writing down debt and, even more urgently, in reducing short-term repayment flows. The first is necessary to reduce long-term uncertainty; the second is essential to facilitate near-term growth.

Let’s face it: Greece’s bind today is hardly all of its own making. (Greece’s young people – who now often take a couple of extra years to complete college, because their teachers are so often on strike – certainly did not cause it.)

Friday, February 06, 2015

(n+1)-ésima vez

Greece – a Varoufakis Conversion, por Chris Cook (Pieria):

So it is that Greek finance minister Yanis Varoufakis has already tabled a proposal for two new types of debt, one linked to GDP for the IMF and holders of Greek sovereign debt, and the other of perpetual debt, which would replace Greek debt held by the ECB and which would be repaid as and when Greece is in a position to do so. (...)

The Proposal

Firstly, Greece would dedicate an agreed proportion of tax income to long term funding. Let us say 5% of Greek tax income and an initial allocation of €12bn.

Greece then issues stock (undated credit instruments) at a discount, each of which is returnable in payment for €1.00 of Greece's taxes. This new issuance would then be allocated between the different creditors in a way reflecting the repayment date and interest rate of Greek liabilities.

From then on Greece would use 5% of its tax income to buy back this stock for cancellation, and the faster the growth of Greek GDP and taxation, the faster would be the rate of return of the stock. (...)

“This Innovation Will Never Work”

Well, actually UK sovereigns funded their expenditure in precisely this way for centuries, and the evidence of that remains in the English language to this day. The phrase 'tax return' refers to the annual accounting event at which the tax credit instrument (tax prepaid at a discount) was returned to the Exchequer for accounting and cancellation.

The phrase 'rate of return' was literally the rate over time at which an undated credit instrument could be returned to the issuer for cancellation against value supplied by the issuer. Finally, the 'stock' was the name given to that half of a split wooden tally stick accounting record which was given to the creditor, while the issuer retained the 'counter-stock'. (...)

The consolidation of existing liabilities is not a new concept either, and the most relevant example (albeit the UK was anything but in economic distress at the time) is the way that UK Chancellor George Goschen consolidated all existing annuities (these liabilities were not misrepresented as debt in those days) into a single class in 1888.




O fim de um Estado

Yemen (1990-2015)

E, pela n-ésima vez, mais uma coisa sobre a Grécia

Greece should bail-in the eurozone, por Frances Coppola, no Exchange (Finantial Times):

The proposed debt restructuring would convert EFSF loans to something akin to preference shares — a debt-for-equity swap. (...) This is, of course, risk sharing — not by issuing common debt, but by taking equity stakes in a distressed country with a view to turning it around. I suspect this might be anathema in creditor countries. But as Mario Draghi pointed out in a speech in Helsinki in November 2014, some form of risk sharing is essential if the eurozone is to survive. Mr Varoufakis’s scheme thus deepens European integration without breaking the taboo on common debt. It deserves serious consideration.


Thursday, February 05, 2015

As ficções da dívida grega

The redundant fictions of Greek debt, por Edward Hadas (Reuters):

The first ignored fact is that net present value (NPV) is the only fair way to value bonds. The idea and the calculations are familiar to those who work in finance. For anyone else, it is enough to know that the lower the interest rate on a bond, the lower the true value.

When non-Greek politicians proclaim that they will never accept any reduction in the value of the Greek debt they hold, they aren’t telling the truth: they already have accepted a substantial write-off of the NPV, and they are mostly willing to accept more. Insistence on the sanctity of the principal amount may make domestic political sense in Germany or France – just as Greek voters loved the apparently now abandoned insistence on a reduction of that value. But both sides are promoting a false economics. (...)

The second fiction is that since the crisis, Greece’s creditors have provided the country with massive amounts of money. True, the raw numbers sound large. The Macropolis consultancy calculates that the total funding between 2010 and 2014 came to 254 billion euros, or about a quarter of the cumulative GDP over the five-year period.

But the vast majority of the loan money was given right back to the creditors as interest payments or loan repayments and some went to support Greek banks, keeping them from defaulting on their European obligations.


Ainda sobre a Grécia

So What Did ECB Just Do To Greece?, por Karl Whelan:

Relax, it’s no big deal. Just some muscles being flexed.
What on earth is the ECB up to?, por Frances Coppola:

Of course, today's action is not pulling funding from Greek banks, since they can still pledge other assets at the ECB. But all funding using any form of Greek sovereign debt must, from 11 February, be obtained from the Hellenic Central Bank under the Emergency Liquidity Assistance (ELA) scheme. And the ELA scheme itself is under the control of the ECB and reviewed bi-weekly. The ECB could pull it at any moment. (...)

But pulling ELA from Greek banks would have a much larger impact. Germans fantasise that ELA can be pulled without systemic impact, but this is not remotely credible. The impact would be smaller than it would have been in 2010, but it would still be highly destabilising to the global financial system. Such an action would greatly enhance the ECB's reputation for incompetence and probably end the careers of its senior officials.

Wednesday, February 04, 2015

O BCE cortou o financiamento à banca grega?

Não exatamente.

O que o BCE decidiu é que vai deixar de aceitar títulos de dívida pública grega como hipoteca para conceder empréstimos a bancos.

Isso não tem necessariamente a ver com a nacionalidade dos bancos que peçam empréstimos - se um banco grego pedir um empréstimo ao BCE dando como hipoteca títulos de dívida pública portuguesa (ou alemã) que tenha em carteira, em principio é financiado à mesma; e se um banco português ou alemão pedir um empréstimo dando como garantia títulos de dívida pública grega, em principio o empréstimo será recusado.

Dito isto, claro, é mais provável que um banco grego possua títulos de dívida pública grega do que um banco alemão ou português, logo é efetivamente de esperar que os bancos gregos sejam os mais afetados (embora talvez não tanto como se poderá pensar à primeira vista).

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]

Faz sentido chamar "violento" ao cybercrime?

"Os casos que fizeram de 2014 um dos anos mais violentos ao nível do cibercrime"

Monday, February 02, 2015

O BCE e os bancos gregos

What’s Going On with Greece and the ECB?, por Karl Whelan (Bull Market, via Marginal Revolution)

One of the key uncertainties surrounding the situation in Greece is the relationship between the Greek banks and the ECB. Lots of press coverage is suggesting the ECB has a set of well-established rules that mean it will not be able to lend to Greek banks in March unless the government negotiates a new EU-IMF program to replace the one expiring at the end of this month. (...)

Well the ECB has almost complete discretion over which banks it lends to. I have written about the ECB’s Risk Control Framework before and it’s been rolled out regularly in the years since I wrote that post. The bottom line is that the ECB can single out specific institutions and decide to not lend to them for pretty much whatever “risk-related” reason they feel like putting forward. Still, this approach, if taken, isn’t based on any hard and fast rules. (...)

Other reports suggest that the key issue is that the ECB is planning to refuse to accept Greek government bonds as collateral for loans. (...)

If Vice President Constancio is referring to cutting off eligibility of specific bonds as collateral, that argues against the ECB’s’s current “official” approach being one of threatening a full cut-off of funds. Still, the idea of “junk-rated bonds are only eligible if a country is in a program” being part of “the ECB’s rules” is an over-statement. In truth, the ECB makes up these rules as it goes along and the “in again, out again” routine with Greek government bond eligibility is a long-standing one at this point. (...)

An implicit assumption underlying lots of reporting on this topic is that the Greek banks are heavily dependent on using Greek government bonds as collateral for loans from the Eurosystem. But actually this isn’t true. (...)

[T]he Greek banks were using at most €8 billion in Greek government debt in December as collateral for loans from the Eurosystem. Set against the total loans of €56 billion owed to the Eurosystem this is fairly small beer.

So The Greek Banks Are Cool With The ECB?

Alas, no. The ECB and the Greek banks have some pretty serious issues.