Thursday, June 21, 2012

Estado -> Bancos -> Estado -> (...)


Agora vamos analisar a situação dos Bancos e o seu relacionamento com a Dívida Pública:

1. Situação inicial:

Activo: A
Passivo: P
Capital: C

2. Estado emite Dívida Pública que os Bancos compram:

Por emissão de moeda na forma de valor creditado em depósito à ordem na conta do Tesouro (Estado), o Banco adquire os títulos:

Activo: A + 100 (compra de títulos de Dívida Pública a juro de 5% no valor de 100)
Passivo: P + 100 (crédito na conta de depósitos à ordem do Tesouro no valor da compra)
Capital: C

3. De que é que se fala quando se diz que os Bancos Centrais estão a financiar os Bancos para comprar Dívida Pública

Activo: A + 100 + "Reservas Injectadas"
Passivo: P + 100 + Dívida ao Banco Central pelas "Reservas Injectadas" a juro de 1%
Capital: C + lucro pela margem obtida na diferença entre 1% e 5% (na maturidade)

Estas reservas são necessárias para manter o Banco solvente em primeira linha contra os depósitos à ordem que se encontram em P (Passivo). De notar que as DOs são uma forma de moeda e podem ser levantados a qualquer momento. A percepção de risco tem uma característica binária. Ou as pessoas confiam e ninguém faz levantamentos, ou ninguém confia e uma boa parte faz levantamentos com medo de quando chegar já não existir ou ter de deparar-se com um congelamento de levantamentos, etc.

É esta simples realidade que deu origem àquela disciplina do "confiança economics", o economistas como psicanalista tem de gerir as expectativas e confiança no sistema, porque as pessoas, qual bipolar, podem cair num acto de irracionalidade irreflectida e provocar as tais corridas aos Bancos. Se forem ver na história da Banca, as acusações de pânico e irracionalidade pelas elites e seus  court intelectuals (os economistas) é recorrente.

Voltando ao assunto, quando os Bancos compram grandes quantidades de dívida pública por criação de depósitos, arriscam-se a que os Estados façam transferências para outras entidades fora desse Banco. Quanto o fazem, o montante de reservas versus total de depósitos cai, e isso leva à necessidade de aumentar as reservas novamente indo assim pedinchar ao Banco Central ao qual este acede alegremente satisfazendo assim o "aumento da procura".

Neste momento, quer os Bancos quer os Estados estão numa relação de dependência de insolvência. Os Estados precisam emitir dívida para ajudar os Bancos que precisam de emitir dívida e capital para ajudar os Estados que precisam de emitir dívida.

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