Thursday, April 28, 2011

a estupidez da guerra à droga

Público: "As autoridades mexicanas encontraram este mês 279 cadáveres em diversas valas comuns no Norte do México, mas as buscas ainda continuam. A violência ligada ao narcotráfico já causou mais de 37 mil mortos no país desde 2006."

E é curioso, porque é um tema sobre o qual a esquerda pouco diz, ou cada vez menos. De certa forma, o combate puritano ao tabagismo pode ser um sintoma de uma tendência.

Wednesday, April 27, 2011

(dita) Liberdade de Expressão e Agências de Rating

Pessoalmente, numa análise estrita da liberdade de expressão (liberdade de escrever ou dizer num dado local ou meio da minha propriedade ou para o qual fui convidado a expressar-me pelo proprietário) as pessoas devem poder dizer o que quiserem de terceiros, querendo com isso dizer que não dou grande coisa pelo direito-ao-bom-nome (não é um direito no sentido estrito do termo) que protege na verdade as elites, dado a ameaça do uso de meios legais contra pessoas que espalham muitas vezes, rumores verdadeiros ou no mínimo indiciários de qualquer coisa, mas sem terem meios de prova suficientes, e muito menos, meios financeiros para se defender da capacidade de poderosos que movem processos de atentados ao "bom nome".


Na linha libertarian mais estrita, nem sequer ao acto de chantagem de dizer deve ser crime (diferente do acto de chantagem de uso de violência física ou sobre a propriedade).

Tudo isto para dizer o quê? Qualquer pessoa ou empresa deve poder classificar o que lhe bem apetece com o critério que lhe der na gana, só o prestígio acumulado e que pode perder rapidamente pode conferir importância a tal actividade ou classificações. Trata-se de Liberdade Expressão da mesma forma que outras expressões, para os quais alguns são muito sensíveis... até....

E a ideia de regulação das empresas de Rating tem a sua piada, porque os critérios subjectivos têm sempre de existir, e porque, o Estado pode bem vir a ser vítima de impor alguma espécie de (falsa) objectividade.

Krugman sobre os possíveis desfechos na "zona euro"

Este artigo já tem alguns meses, mas continua actual:

As I see it, there are four ways the European crisis could play out (and it may play out differently in different countries). Call them toughing it out; debt restructuring; full Argentina; and revived Europeanism.

Confirma-se! Ron Paul Explains Why He Wants To Be President


acho que a esquerda vai ter a oportunidade de presenciar o que será movimento verdadeiramente genuíno e popular:

Tuesday, April 26, 2011

Sobre esmagar a oposição na Síria

fica o escrito a 30 de Março:


Os regimes duros ou por exemplo as nações não-duras com casos de separatismos, aprenderam que não podem deixar o poder ir para a rua e pegar em armas, porque nesse ponto, a coligação de humanitários militaristas e os militaristas humanitários podem intervir para "proteger população civil" e na prática favorecer a oposição.

O que têm a fazer é mesmo esmagar com toda a força bruta os primeiros sinais de revolta.

Acho óptimo. Só espero que o líder Sírio não siga o caminho lógico de ter de esmagar qualquer oposição o mais cedo possível se quiser manter o poder.

PS: pois, parece que está a seguir o caminho lógico da lição Líbia.

Em defesa das agências de rating

Ultimamente, grande parte da esquerda tem-se dedicado a "bater" nas agências de rating, insinuando que elas criaram propositadamente a crise da divida dos países europeus.

Em primeiro lugar, vamos lá ver - que interesse teriam as agências de rating nisso? A narrativa habitual é de que as agências de rating estarão ligadas a grupos financeiros que investem na dívida soberana; mas, de novo, a questão mantem-se: que interesse teriam esses grupos numa desvalorização do rating dos países? Imagino um possível cenário: um investidor que daqui a uns dias vai participar num leilão de dívida poderá ter interesse a que o país que emite essa dívida tenha uma avaliação negativa, para baixar o preço; mas um investidor que já tenha divida desse país em carteira preferirá o contrário - uma avaliação positiva, para fazer subir o valor dos seus investimentos. E, atendendo que, por regra, o valor total da dívida é muito maior que o valor da dívida que está a ser emitida num dado momento, podemos concluir que para a maior parte dos investidores o que interessaria seria avaliações artificiais "para cima", não "para baixo". Pode-se contra-argumentar que há formas de ganhar dinheiro com a desvalorização da dívida de um país, através do short-selling ou de "credit default swaps", mas para cada investidor que faz short-selling, tem que haver outro a possuir dívida, pelo que não se percebe porque razão uns haveria de ter mais poder para influenciar as agências de rating do que outros.

Já agora, um parênteses acerca dos juros - quando se diz "hoje os juros de Portugal atingiram um novo máximo", há que comente "isso não devia ser assim; os juros deveriam ser fixos!"; ora, isso é um equivoco acerca de como funcionam os mercados de dívida - na verdade, o juro que o Estado português paga e os credores recebem é fixo; quando se diz que os juros "chegaram aos 9%", isso não quer dizer que o valor dos juros pagos subiu, mas sim que o preços dos títulos da dívida portuguesa desceu (logo a taxa de juro, medida como [juros a pagar / preço da dívida], subiu). Este apontamento pode ter alguma importância para esta discussão - efectivamente, se a subida dos juros significasse que os credores iriam receber mais, isso efectivamente poderia ser um incentivo para baixar o rating; mas a "subida dos juros" na realidade significa apenas a desvalorização dos títulos detidos pelos credores, algo que não os beneficia em nada, muito pelo contrário.

É verdade que existe um fundo por detrás desta desconfiança face as agências de rating - o papel que estas desempenharam antes da crise, dando avaliação de "AAA" a empresas à beira da falência; mas uma fraude "para cima" tem uma dinâmica completamente diferente de uma fraude "para baixo" - a fraude "para cima" beneficia agentes bem definidos (quem está a vender) e prejudica incertos (quem vai comprar); já a fraude "para baixo" prejudica agentes bem definidos (de novo, quem está a vender) e beneficia incertos (quem vai comprar). Ora, o primeiro tipo de fraude faz muito mais sentido, nem que seja porque se sabe a quem se vai cobrar a comissão por aldrabar as contas (já agora, convém notar que o único caso provado de uma instituição financeira internacional ter estado envolvida duma fraude relacionada com a dívida soberana dos PIIGS foi numa fraude "para cima" - a colaboração do Goldman-Sachs na manipulação das contas gregas).

Mas o mais importante aqui nem é isso, mas a dissonância cognitiva em que os criticos das agências de rating caiem - afinal, são mais ou menos as mesmas pessoas que há pelo menos dois anos dizem (provavelmente com razão) que "é impossível uma moeda comum sem um orçamento comum a sério" ou que "a politica que tem sido seguida de baixar os salários só vai criar uma deflação e assim aumentar ainda mais o valor real da dívida, agravando o problema". Mas, se a UE tem uma arquitectura institucional e económica que não funciona, e se os países europeus têm seguido uma política que só está a piorar as coisas, não faz todo o sentido que as agências de rating dêem avaliações cada vez piores?

Já agora, interrogo-me se, quer os críticos, quer os defensores das agência se terão dado ao trabalho de ler os relatórios que elas fazem a justificar a descida dos ratings; eu nunca o fiz (até porque esses relatórios só são para assinantes), mas já li resumos, e pelo menos em dois casos parecia-me praticamente igual ao que a esquerda diz: que os problemas que Portugal tinha eram a contracção da economia provocada pela austeridade e a possibilidade de o Estado ter que ir gastar mais dinheiro em apoios à banca privada.

Então, qual o porquê da raiva contra as agências de rating? A melhor explicação que me ocorre é que muita gente à esquerda se tenha esquecido da máxima "o problema não são as pessoas, é o sistema" e em vez de se concentrar na critica ao sistema politico-económico em vigor na UE tenha decido ir à procura de um grupo de "capitalistas maus" para identificar como os responsáveis da crise.

Sunday, April 24, 2011

Joe Bageant (1946-2011)

Uma sugestão de leitura - os textos do recém falecido autor/colunista norte-americano Joe Bageant.

Wednesday, April 20, 2011

A "liberdade de escolha" dos beneficiários de serviços públicos

Se estivermos a falar de escolas, a esquerda defende a escola estatal e a direita o "cheque-educação"; se estivermos a falar de beneficios sociais, a direita defende o pagamento "em géneros" e a esquerda em dinheiro.

Sou só eu que acha que não há aqui grande padrão lógico?

[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá se quiserem]

Tuesday, April 19, 2011

O euro e os bancos

Euro vs. Invasion of the Zombie Banks, pot Tyler Cowen:

IS a euro held in an Irish bank in Dublin, or in a Portuguese bank in Lisbon, as sound and secure as a euro in a German bank in Berlin? That apparently simple question holds the key to understanding why the euro zone may splinter and bring a new financial crisis.

In Ireland, there has been a “silent bank run” on financial institutions for much of the last year. In February, for instance, Irish private sector deposits dropped at an annual rate of 9.8 percent. That’s largely because some depositors doubt the commitment of the Irish government to the euro. They fear that they will wake up one morning to frozen bank accounts, followed by the conversion of their euro deposits into a lesser-valued new Irish currency. Pre-emptively, the depositors send their money outside Ireland, where it still represents safe euros or perhaps sterling, accessible by bank transfers and A.T.M. cards.

Propriedade intelectual?

Coisas que descredibilizam a "propriedade" (monopólio forçado por legislação) intelectual: Apple is suing Samsung for allegedly copying the look and feel of iPad

Sunday, April 17, 2011

Actualização no meu site

Meti uma nova coisa no meu site, que talvez possa servir para alguém:

Quando copiamos o texto de um documento de PDF, o resultado é que as quebras de linha permanecem no ponto onde estavam, como nexte exemplo:

A esterilização/castração: benefícios, custos e reflexos na vida do
seu gato (e da comunidade felina)
Como pessoas que assumidamente amam os seus gatos, mas também como pessoas que
assumidamente se preocupam com os animais que não têm a sorte de ter um dono e que, à sua escala,
procuram ajudar a resolver os seus problemas, a nossa perspectiva face ao tema da esterilização tem
uma dupla face: como “donas”, preocupamo-nos com as consequências da esterilização no animal, mas
também com os efeitos que este método de controlo de natalidade possui para a comunidade felina. São
estas duas faces do mesmo problema que aqui abordamos.
Este texto não pretende assumir posições fundamentalistas sobre a esterilização/castração dos gatos/as.
É uma defesa inequívoca deste método, mas todas as opiniões devem ser respeitadas. Se o ler e
continuar a achar que os seus argumentos contra a esterilização são certos, está no seu direito.
Foi escrito no intuito de informar e chamar a atenção para as vantagens que este processo representa,
os inconvenientes que lhe podem estar associados e sobretudo, clarificar algumas falsas questões e
ideias incorrectas que circulam
sobre a matéria.
O que eu pus no meu site foi um programa para transformar isso num texto mais bonito, removendo as quebras de linha; algo como isto:
A esterilização/castração: benefícios, custos e reflexos na vida do seu gato (e da comunidade felina)

Como pessoas que assumidamente amam os seus gatos, mas também como pessoas que assumidamente se preocupam com os animais que não têm a sorte de ter um dono e que, à sua escala, procuram ajudar a resolver os seus problemas, a nossa perspectiva face ao tema da esterilização tem uma dupla face: como “donas”, preocupamo-nos com as consequências da esterilização no animal, mas também com os efeitos que este método de controlo de natalidade possui para a comunidade felina. São estas duas faces do mesmo problema que aqui abordamos.

Este texto não pretende assumir posições fundamentalistas sobre a esterilização/castração dos gatos/as.

É uma defesa inequívoca deste método, mas todas as opiniões devem ser respeitadas. Se o ler e continuar a achar que os seus argumentos contra a esterilização são certos, está no seu direito.

Foi escrito no intuito de informar e chamar a atenção para as vantagens que este processo representa, os inconvenientes que lhe podem estar associados e sobretudo, clarificar algumas falsas questões e ideias incorrectas que circulam sobre a matéria.
Isto terá alguma utilidade prática? Não sei; eu já o usei algumas vezes, mas, sem entrar em pormenores, é possivel que o uso que eu dei a isto até seja ilegal, ou pelo menos uma violação contratual

Saturday, April 16, 2011

Declaração de interesses

Eu, neste momento, sou candidato a delegado à Convenção Nacional do Bloco de Esquerda pela moção B [pdf].

Eu raramente escrevo sobre assuntos relacionados com o BE neste espaço, mas, de qualquer maneira, fica este aviso aos leitores, que assim ficam a saber que pode haver (mesmo inconscientemente) uma "agenda oculta" por detrás de algo que eu possa vir a escrever.

Thursday, April 14, 2011

Um abelharuco




[Fotografado aqui]

Tuesday, April 12, 2011

Sucker Puch - Mundo Surreal

Confesso que, a para aí aos 30 minutos do filme (quando se entra no 3º plano da narrativa - só quem tenha visto o filme é que percebe o que eu quero dizer com isto) comecei a pensar "não percebo nada deste filme!", mas depois até foi giro.

Monday, April 11, 2011

Re. O que os defensores do padrão-ouro acharão desta metáfora?

assim rapidamente:


- em geral e em última análise, os defensores do padrão-ouro querem que as pessoas sejam livres de usar o padrão que quiserem, ainda que existam as melhores razões para prever que o ouro e prata sejam escolhidos em regime de liberdade monetária, as históricas e as racionais

- dentro das razões racionais para que o ouro e a prata sejam livremente escolhidos está o facto da sua quantidade disponível (para ser usado como meio de troca) ser estável e assim não serem objecto de produção e/ou consumo a um ritmo tal que ponha em causa a estabilidade quantitativa.

- o que não nasce debaixo das pedras é sim a capacidade de produção capaz de sustentar o crédito contraído.

Thursday, April 07, 2011

Re: Porque silenciam a ISLÂNDIA?

Nos últimos dias, tenho recebido um mail-corrente intitulado "Porque silenciam a ISLÂNDIA?", texto que o leitor skepticos também recomendou num comentário.

 
Esse texto tem algumas incorrecções, algumas de pouca monta, outras mais relevantes.

 
Nas incorrecções de pouca monta, o autor confunde o "Partido Progressista" com o "Partido da Independência" - quem tem estado quase sem interrupções no poder nas últimas décadas e nomeadamente quando a crise eclodiu foi o "Partido da Independência"; o "Partido Progressista" é um pequeno partido, representante dos interesses dos agricultores, e que tem estado na oposição.

 
Mas agora vamos à incorrecção relevante:

 
Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos.

O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI.

 
Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.

 
Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (...) perdeu em toda a linha.
Cada um desses factos é verdadeiro, mas a cronologia é incorrecta - as eleições que deram a vitória aos partidos de esquerda não ocorreram na sequência da mobilização cívica contra os acordos com os credores internacionais e do referendo; foram antes. Foi o governo da coligação de esquerda que negociou esse acordo que teria sido ruinoso para o povo islandês (numa traição do Movimento Verde de Esquerda a todo o seu passado e promessas eleitorais), e foi contra esse governo que os movimentos de cidadões se mobilizaram e conseguiram o referendo.

Finalmente, todo este entusiasmo pela Islândia, que prolifera por blogues e mails, talvez venha em má hora - o governo islândes fez um novo acordo para assumir as dividas dos seus bancos (menos gravoso que o anterior), e que vai ser referendado no próximo sábado.

Outros posts sobre o assunto:

Tuesday, April 05, 2011

the slippery slope, por um preto democrata na Casa Branca

The Military Junta Extends Its Grasp

Gen. Grievous, neocon David Petraeus, will be appointed by Obama to be head of Kill Team Alpha, the CIA.

O FMI

Será que uma eventual intervenção do FMI ou do FEEF seria melhor aceite se fosse vendida nestes termos?

"Não podemos continuar a pedir empréstimos aos investidores privados que cobram juros de agiotas; em vez disso, vamos pedir emprestado a uma instituição pública, internacional e multilateral, que cobra juros mais baixos e decide os seus investimentos não pela lógica imediatista do lucro, mas por critérios politicos, tendo por objectivo expresso a estabilidade da economia mundial no seu conjunto"

Ralph Raico

o grande historiador libertarian do LvMI perguntou:


Let’s say the U.S. hadn’t yet developed the atomic bomb, so Truman sent in the U.S. Army with machine guns to shoot all of the civilians in Hiroshima and Nagasaki. Would that have been okay?

Friday, April 01, 2011

Incentivos

The Lesson the U.S. Is Teaching the World in Libya, por Jonathan Schwarz (via Jesse Walker):

That lesson is: no matter what, no matter the inducements or pressure, never ever give up chemical weapons or a nuclear weapons program. Doing so will not ensure that the U.S. does not attack you—on the contrary, it will make it much more likely.

A propriedade intelectual e a tragédia dos anti-comuns

WKRP and the Tragedy of the Anti-Commons, por Alex Tabarrok