Thursday, September 16, 2010

Economia de crescimento zero

Aqui e ali têm aparecido referências românticas quanto à possibilidade de uma economia de crescimento zero alegadamente porque os recursos estão a acabar, etc.

As consequências lógicas de crescimento zero é:

- as pessoas deixariam de poupar, consumindo toda a produção
- E assim, não existiria o investimento em aumentando a produtividade (que reduz o número de recursos por output)
- para atingir o pleno emprego, os salários terão de descer até um ponto de equilíbrio (como alternativa a o crescimento permitir pagar os actuais salários a todos)

A possibilidade do crescimento zero ser compatível com aumento de produtividade é manter a produção total só que com menos recursos, o que poderia incluir a diminuição gradual das horas de trabalho por dia.

No final, o argumento dos "recursos estão a acabar" deve ser visto no contexto dos preços, porque se estão a acabar, os preços vão subindo incentivando formas alternativas de utilização na direcção de recursos renováveis (como conceito genérico, pode ser reutilização, etc).

No final, é o consumidor, a sua cultura e valores, que determina a relação entre crescimento de produtividade e a escolha entre maior produção ou menor utilização absoluta de recursos (o que inclui menos horas de trabalho por dia).

1 comment:

Anonymous said...

"No final, é o consumidor, a sua cultura e valores, que determina a relação entre crescimento de produtividade e a escolha entre maior produção ou menor utilização absoluta de recursos (o que inclui menos horas de trabalho por dia)."

Aquilo que na Esquerda é conhecido por "relação de forças", não entra nas suas equações, portanto... Um exemplo simples: ainda que a grande maioria da população preferisse utilizar transportes públicos, não o faz porque o mercado "pede" automóveis privados (o sector é mais lucrativo). Isto porque, afinal de contas, não existe "o consumidor", existem é consumidores com diferentes níveis de poder de compra.

E essa questão do tempo de trabalho é muito interessante, mas o que se verifica na realidade é uma tendência no sentido de se prolongar o tempo de trabalho, quer semanal, quer de tempo de vida. (Claro que pode argumentar que os 65 anos de reforma são impostos pelo Estado, mas esse é para mim um exemplo claro de vitória do Trabalho.)