Wednesday, June 30, 2010

Mas por outro lado...

As queixas de alguns alegados acionistas da PT (estilo "o Estado que mande no que é dele") também não fazem grande sentido - a golden share já existia quando eles compraram as acções (e o preço a que eles compraram as acções já reflectiu a existência de uma golden share - de certeza que foram mais baratas por isso). No fundo, um acionista ir agora queixar-se da golden share é como eu comprar um apartamento sem direito a garagem e depois reclamar de não poder estacionar o meu carro na garagem do prédio.

Mais - se a UE conseguir impor o fim da golden share, isso quer dizer que os actuais investidores vão receber uma espécie de "maná do céu", já que compraram "gato" (acções numa empresa com uma golden share) a preços de "gato", e de repente iriam ficar com uma "lebre" (acções numa empresa sem golden share).

3 comments:

nuno vieira matos said...

exacto!

PR said...

"As queixas de alguns alegados acionistas da PT (estilo "o Estado que mande no que é dele") também não fazem grande sentido - a golden share já existia quando eles compraram as acções (e o preço a que eles compraram as acções já reflectiu a existência de uma golden share - de certeza que foram mais baratas por isso)."

Será mesmo?

Suponha que em vez de oferecer 7,5 mil milhões pela Vivo, a Telefónica oferecia 100 mil milhões, mais a sua participação na Polónia, em França e no Reino Unido. O Estado vetava com a golden-share. Será que não seria legítimo que os accionistas se revoltassem contra esta tomada de posição, essencialmente por ser uma decisão tremendamente estúpida?

[Se quisermos ser mais extremistas, podemos imaginar o Estado a fazer com que a PT queimasse os seus edifícios e abdicasse das contas bancárias. Ninguém espera, à partida, que a golden-share possa ter estas consequências, pelo que o preço não "desconta" uma acção deste género]

chapeleirolouco said...

na minha opinião toda esta conversa da "golden share" e do "interesse nacional", está relacionada com a noção de "empreendedorismo nacionalista", isto é, a protecçao dos capitalistas do burgo e a noção estranha de que as empresas ficam melhor entregues a portugueses ou que o facto de ter a sua sede em portugal parte do dinheiro ficar por aqui. esta ideia é reforçada pelo fenomeno da venda por uma quantia menor a uma parceria poruguesa-angolana(filha do presidente angolano, quem diria....) em detrimento de uma oferta maior de uma empresa italiana.

ora esta noção da defesa dos capitalistas nacionais, pois afinal eles são a salvação e a graça da nação, é algo compartilhado pelos fascistas...