Tuesday, June 17, 2008

Re: Bush e Obama


desconfio que no momento em que for eleito Obama deixará de ser o “candidato dos europeus” e passará a ser o Presidente dos Estados Unidos. Num discurso feito no início do mês sobre a política norte-americana no Médio Oriente, Obama deixou algumas indicações sobre o que fará se for eleito.

Começou por tratar da aliança com Israel. Após ter informado como a sua relação com a religião leva-o não só a entender mas a sentir uma forte solidariedade com a história do “povo judaico” e de “Israel”, disse que para os Estados Unidos a “segurança de Israel é sacrossanta”. Israel tem o “direito a defender-se de qualquer ameaça, de Gaza a Teerão”, e os Estados Unidos estarão sempre ao seu lado. Nada que Bush, ou qualquer outro Presidente norte-americano dos últimos quarenta anos, não dissesse.

O Hamas, diz Obama, é uma “organização terrorista”, com a qual não se pode negociar até renunciar ao terrorismo e reconhecer o Estado de Israel. Por isso, e ao contrário do “Presidente Bush”, foi contra a sua participação nas eleições de 2006 nos territórios palestinianos. Em relação ao futuro, defende a criação de um Estado palestiniano mas afirma claramente que Jerusalém “será a capital de Israel” e “não deverá ser nunca dividida”. Nem Bush foi tão longe. Considerou também que a Síria continua a apoiar “grupos terroristas”, como o Hizbholá.No caso do Iraque, agora que é o candidato democrata, e já pode abandonar algum radicalismo, Obama começa a mudar e já não fala de uma retirada rápidas das tropas americanas. Diz que irá preparar uma “retirada cuidadosa”, em cooperação com as autoridades iraquianas. Ou seja, vai manter a política da actual Administração.

Em relação ao Irão, o Senador do Illinois não deixou dúvidas: “é a maior ameaça à segurança de Israel e à estabilidade do Médio Oriente”. Ao contrário de Bush, Obama diz que quer negociar directamente com os iranianos. Mas não vale a pena ter ilusões com esta posição. Significa, desde logo, retirar a liderança das negociações aos europeus: “até agora temo-nos apoiado no trabalho dos nossos aliados europeus. É tempo para os Estados Unidos liderarem”. E segundo as suas palavras, Obama pretende impor condições duras ao Irão: abandono do programa nuclear, fim do apoio ao terrorismo e reconhecimento de Israel.

Se assim for, fica demonstrado que nem sempre falar com o inimigo significa apaziguamento. O problema de Munique, em 1938, não foi falar com Hitler, foi ter abandonado a Checoslováquia. E depois de ter negociado directamente com o Irão, se for necessário “usar a força militar” para “defender a nossa segurança e a de Israel”, os Estados Unidos terão “um enorme apoio internamente e externamente”. Qual será então a resposta da Europa à iniciativa do “candidato dos europeus”?

Mas afinal, JMA está convencido que Obama, se eleito, passará a ser o Presidente dos EUA ou está é convencido que passará a ser o primeiro-ministro de Israel?

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