Tuesday, November 20, 2007

Mais um gráfico do preço do petróleo

Na sequência dos vários gráficos que foram feitos comparando o preço do petróleo em euros, em ouro ou em valores reais, venho apresentar um gráfico comparando o preço do petróleo com o ordenado de uma (ou um) telefonista da administração pública.

Os valores foram calculados dividindo o preço do petróleo em dólares pelo preço do euro em dólares e voltando a dividir o resultado pelo ordenado base de uma telefonista da função pública que tenha entrado ao serviço a 01/01/1999 e tido uma "progressão de escalão" - i.e., uma diuturnidade - a 01/01/2002 , sendo os valores corrigidos para 1-Janeiro-1999 = 1 (confesso que tanto as fontes como a metodologia foram plagiados a Luis Aguiar-Conraria).

Não sei se não será um melhor indicador que os outros - afinal, mais importante do que quantos euros, dólares ou lingotes de ouro custa um barril de petróleo, acho que é o custo do barril de petróleo comparado com o rendimento disponível (poder-se-á argumentar que a maior parte das pessoas não compra barris de petróleo, mas compra produtos derivados).

Seja como for, as conclusões não me parecem muito diferentes dos outros gráficos - um aumento continuado, mas com muitos altos e baixos (e parece-me que o grande aumento não foi o actual, mas sim em 1999/2000).

8 comments:

Anonymous said...

RACC RACC
Olha lá, um gráfico interessante seria o do preço do petróleo em termos de gasolina.
Sabes onde é que podemos arranjar dados para estes preços?

Rui Baptista said...

Eu acho enganador este tipo de comparações. A verdade é que cada vez existem mais solicitações "naturais" - entre as últimas incluo o telemóvel, a internet e a tv por cabo.

OK, eu (ou a telefonista) podia comprar mais gasolina em Jan/07 que em Jan/01. Possivelmente o cabaz de compras com que é medida a inflação teria preços relativos análogos. Mas a verdade é que eu necessitava de mais dinheiro para manter o chamado "nível de vida".

Rui Baptista said...

oops, falhou isto: de qq maneira tens razão, o salário da telefonista é mais explícito que o valor em euros

André Azevedo Alves said...

A ideia não é má mas o ponto de início foi escolhido a dedo...

Que tal uma comparação desde 1970 ou 1971, com base por exemplo no salário médio ou outro indicador semelhante?

Miguel Madeira said...

"OK, eu (ou a telefonista) podia comprar mais gasolina em Jan/07 que em Jan/01"

Até não - em termos de "ordenado de telefonista", o petroleo estava 7% mais caro em Janeiro de 2007 do que de 2001

Rui Fonseca said...

Qualquer correlação é possível mas já se sabe correlação não é causalidade.

Suponho que o que estava em causa, a partir de um post de João Miranda no Blasfémias, era a causalidade da massa monetária em circulação (M3) no aumento do preço do petróleo. LA-C diz que sim, não sabe quanto, promete responder daqui a dois anos.

Enquanto esperamos, especulamos.

Os mercados das comodities geralmente adoptam o dólar (têm adoptado) como moeda de transacção. Trabalhei durante vários anos num mercado desses e a tentativa para adoptar o XEU (antigo euro) não resultou porque não foi possível alargar essa prática a todos os mercados.

Há dias a OPEC decidiu nomear uma Comissão para analisar o assunto com a intenção de vir a adoptar um cabaz de moedas como unidade de transacção (idêntico ao XEU, portanto). Se vai vingar ou fracassar o tempo o dirá.

Em qualquer dos casos, se a unidade de transacção (o dólar, neste caso) perde valor relativamente a outras moedas principais (euro, libra, iene, etc) quando o mercado é vendedor, isto é, quando a procura excede a oferta ou as expectativas vão nesse sentido, os vendedores sobem os preços para não compensarem a desvalorização da moeda de facturação. E os compradores não têm alternativa se não aceitar.

Claro que o aumento do volume de dólares nas mãos dos vendedores tarde ou cedo aparece no mercado e este aumento da massa monetária induzirá mais procura e, naturalmente, nova escalada dos preços nominais.

Se a moeda de facturação for outra, de valor menos volátil, os preços reais aproximar-se-ão dos preços nominais.Nada de novo, portanto.

Portanto o que faz aumentar o preço dos combustíveis é, do meu ponto de vista, fundamentalmente a expectativa da relação oferta/procura em cada momento, resultando a diferença para o preço nominal da maior ou menor debilidade da moeda de facturação.

Ou não?

Rui Fonseca said...

(cont. comentário anterior)

"Crude prices are within the range of inflation-adjusted highs set in early 1980. Depending on how the adjustment is calculated, $38 a barrel then would be worth $96 to $103 or more today."

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/11/21/AR2007112100167.html

Miguel Madeira said...

Vendo bem, há uma falha neste post: a telefonista só teria subido de escalão a 01/01/2003 (mas penso que não deve afectar muito o panorama geral)