Sunday, August 26, 2007

Um método que resulta

«Segundo o Expresso apurou, estes movimentos não estão formalmente organizados, funcionando sem lideres, estrutura ou sequer designação própria. No entanto, "essa anarquia é aparente. Não têm hierarquias, mas na acção são muito organizados. Sabem o que querem fazer, como e quando"» (Expresso, 25/08/2007, referindo-se aos grupos suspeitos, entre outras coisas, da destruição de milho na Herdade da Lameira)

Concorde-se ou não com as acções e/ou os objectivos desses grupos, é inegável que a sua forma de organização parece funcionar.

No editorial, alguém (imagino que o director, Henrique Monteiro) chama a esses grupos "eco-fascistas". Ora atendendo que o fascismo defende, entre outras coisas, o "culto do chefe" (e, por norma, adora grandes desfiles para-militares bem ordenados e sincronizados), parece-me que esses grupos, sem chefe nem organização formal serão tudo menos "fascistas" (a menos que o possam ser no sentido de "fascista"="gajo muito mau", como nas expressões "islamo-fascismo" ou "o fascista do meu patrão não me dá aumento"). Mesmo "eco-terroristas" faz um pouco mais de sentido.

6 comments:

Luís Bonifácio said...

Eco-terroristas ainda não são (Acho que lá irão chegar). Por enquanto são eco-vândalos, o que também está de acordo com a ausência de lider, apesar desta ausência de liderânça e de estrutura se ficou a dever à reacção altamente negativa que propiamente à sua filosofia.

Lindo de se ver é que Gualter Baptista, que se atirou para a frente das câmaras logo a seguir ao acto de vandalismo, (esperando ser devidamente recompensado por alguém) se retira com o rabo entre as pernas, como cobarde que na realidade é.

Anonymous said...

após uma longa ausencia estou de volta.

eco-vândalo pode ser o termo mais apropriado, este termo nao é necessariamente mau.

por fim, concordo com o que fizeram, pois a historia dos transgenicos salvarem o mundo da fome e serem melhores para o ambiente é uma treta pegada.

num trabalho feito pela faculdade que frequento demonstrou isso.

os transgenicos tem como unico objectivo "diminuir os custos de produção" (a diminuição é superfical) por causa da crise do excesso de produçao de culturas, como se sabe toneladas e toneladas são queimadas para estabilizar os preços.

por outro lado, tem como objectivo abrir um novo nicho de mercado, isto é, empregar a grande aposta feita em biotecnologia por parte de grandes empresas e de pessoas que se dedicaram a essa area de formaçao.

há muitos estudos feitos sobre varias variedades de transgenicos, no entanto a questão é:
será isto mesmo necessario?

esta "boa nova" da biotecnologia, faz me lembrar a "boa nova" das industrias quimicas com os pesticidas e afins.

nota: a polinização não é o unico meio de troca genetica.
os virus podem faze-lo sem problemas, por exemplo.

Anonymous said...

«Concorde-se ou não com as acções e/ou os objectivos desses grupos, é inegável que a sua forma de organização parece funcionar.»

Isto pode ser dito sobre as máfias também. Muitas delas fragmentadas e cirurgicas e com estratégias elaboradas. Forma de organização eficaz. A questão é saber se essa forma é ética, creio. Neste caso tenho as maiores dúvidas.

Daí, claro, a chamar-lhes eco-fascistas ou eco-terroristas vai um grande passo. Acho absurdo. Mas sabemos que faz parte da lamechice hiporbolica que usam 90% dos nossos comentadores e bloggers. Curiosamente são esses mesmos que criticam o relativismo. Ora se terrorista é tudo o que é mau, deixa o terrorismo de ter um sentido concreto.

Isto dá razão a quem, à esquerda, usa o expressão terrorismo de estado ou a quem desconsidera a gravidade do 9/11.

Tárique said...

Lembras-te daqueles gràficozinhos que fizeste há umas semanas que mostravam que, dependendo da perspectiva, o liberalismo estaria ou não perto do fascismo?

Havia nesses gráficos uma linha que se encontrava oposto ao fascismo SEMPRE, independentemente da perspectiva. Era esse o Anarquismo - a única corrente política que NUNCA se aliou ao fascismo, e SEMPRE o combateu, independentemente das circunstâncias.

Como qualquer grego sabe, Anarquia significa "ausência de chefe". Ora recordem-me lá o que é que quer dizer "fascismo" ?

Expliquei a uma magistrada há uns tempos que o símbolo utilizado pelos anarquistas não é (só) um A. É um O com um A lá dentro. Esse "O" significa Ordem. Anarquia e Ordem. Podes crer que os grupos são Organizados e eficientes (que o digam os líderes do g8 em rostok), podes crer que são difíceis de tramar.

Ontem , às 23 horas, horário nobre, na sic notícias houve um fórum-debate sobre transgénicos com 4 especialistas e uma delegada do ministério da agricultura. Isto seria impensável antes da acção do Verde Eufémia. O público aprendeu e discutiu mais sobre transgénicos nas últimas semanas do nos 2 anos que se passaram desde que foram autorizados em Portugal.
Isto não valeu a destruição de 3000 euros em maçarocas venenosas proibidas para consumo humano (1% da produção da enorme herdade deste abastado agricultor) ? Não nos esqueçamos que lhe foi oferecido milho e mão de obra suficiente para replantar os 51 hectares!

Faz-me confusão muita gente de esquerda, principalmente ligada ao bloco, queixar-se do método : ora porra, os reformistas tiveram anos para fazer qualquer coisa, e chegamos a 2007 com milhares de hectares de transgénicos em portugal. E o público nem sequer sabia disso!


Fica ainda uma sugestão: passa pelos terrenos "vandalizados". Ficam na estrada que vai de silves para algoz, mais ou menos a meio caminho, antes de chegar apoço barreto. Vê com os teus olhos a área ceifada e diz-me lá que aquilo é um hectare. A mim não me pareceu nem metade disso ...

Anonymous said...

«Esse "O" significa Ordem. Anarquia e Ordem. Podes crer que os grupos são Organizados e eficientes (que o digam os líderes do g8 em rostok), podes crer que são difíceis de tramar.»

Difíceis de tramar? O que não falta é vontade a muita gente de usar os mesmos métodos e de lhes partir a cara. Adivinhe o que distingue uns e outros... Escrúpulos...será?

Hipocrisia.

Anonymous said...

Essa "gente com escrúpulos", em Rostock usou todos os métodos ao seu dispôr, desde gás lacrimogéneo a soltarem skinheads e cães furiosos sobre os activistas, e mesmo assim foi-lhes totalmente impossível fazer a parada de líderes passar por terra.