Saturday, July 29, 2006

Anti-semitismo (III)?

É curioso que os mesmos defensores de Israel que acusam os críticos de anti-semitismo, sejam também dados a levantar o argumento de que "é incorrecto falar em «palestinianos» - os judeus israelitas também são «palestinianos»; o correcto é falar em «palestinianos árabes»".

Ora, se fossemos usar o mesmo formalismo semantico face ao "anti-semitismo", alguêm que criticasse Israel no contexto do conflito israelo-árabe nunca poderia ser um "anti-semita": os árabes são também semitas.

Claro que isto é jogar com as palavras: embora etimologicamente "anti-semita" signifique "aversão aos semitas", o seu significado estabelecido é de "aversão aos judeus" (e não aos árabes, etíopes ou assirios), mas o mesmo se passa com "palestiniano", que, embora etimologicamente signifique "habitante da Palestina", tem o significado estabelecido de "descedente das populações que já habitavam na Palestina aquanda da imigração massiva de judeus".

5 comments:

Anonymous said...

Concordo com "anti-semita." Não sei se concordo com "palestiniano."

Não sei se toda a gente inclui os habitantes dos campos de refugiados do Líbano como "palestinianos" ou se por vezes não nos referimos somente aos habitantes de Gaza ou Cisjordânia. Não sei se queria incluir estas pessoas como palestinianos, mas há quem queira e portanto, a clarificação.

Por outro lado, há quem, como eu, pense que uma solução pacífica possível só pode passar por se admitir que os habitantes dos campos de refugiados deveriam ser integrados na sociedade libanesa (já houve propostas para isto, mas foram vetadas pelo Hezbollah), até porque já estão a três e quatro gerações da Palestina e dificilmente tem qualquer direito à terra, somente a uma indeminização que os israelitas pagariam; enquanto os Palestinanos da Cijordânia&Gaza, esses sim, teriam um estado próprio.

Miguel Madeira said...

"uma solução pacífica possível só pode passar por se admitir que os habitantes dos campos de refugiados deveriam ser integrados na sociedade libanesa (já houve propostas para isto, mas foram vetadas pelo Hezbollah)"

Não conheço o caso concreto dessas propostas, mas creio que a oposição à integração dos refugiados na sociedade libanesa (aonde penso que até estão proibidos de exercer profissões) não vem só do Hezbollah - vem também (se calhar, sobretudo) dos cristãos, porque isso alteraria ainda mais o equilibrio cristãos-muçulmanos no Libano.

Pessoalmente, eu suspeito que só haverá uma solução quando todas as pessoas (de ambos os lados) que estavam vivas em 48 morrerem.

Anonymous said...

Isso não é verdade, sobre os cristãos: já houve propostas discutidas no Líbano e nunca passaram porque os grupos extremistas, como o Hezbollah, se pronunciavam contra. Na realidade, era provavelmente a Síria que vetava, porque os casos que me lembro ainda foram no tempo da "presença" Síria. Os cristãos estão há muito em perda no Líbano, até porque as elites emigraram todas.

No geral, os libaneses (cristãos e muçulmanos) não gostam de estrangeiros e muito menos dos palestinianos. Há leis que reservam profissões para certos grupos, estilo apartheid, e os palestinianos têm as piores profissões de todas.

Não sei se nesses campos ainda há mais do que um ou dois por cento de pessoas que estão lá desde 1948. Já se passaram 58 anos.

Miguel Madeira said...

"Isso não é verdade, sobre os cristãos: já houve propostas discutidas no Líbano e nunca passaram porque os grupos extremistas, como o Hezbollah, se pronunciavam contra"

Bem, eu creio que, inicialmente, a maior oposição à integração dos palestinianos na sociedade libanesa vinha dos cristãos (pela tal razão demográfica), mas estou-me a basear em coisas escritas há decadas. Admito que as coisas se tenham alterado.

Miguel Madeira said...

http://english.aljazeera.net/NR/exeres/FE7BEB3D-E5C7-4CE4-8A35-8F62B8DDBB35.htm

Realmente, as minhas "fontes" estavam desactualizadas: hoje em dia, o problema com os palestinianos (maioritariamente muçulmanos sunitas) parece que já não vem dos cristãos, mas dos xiitas.